Semana do Jovem Eleitor destaca a contação de histórias para a educação
Em evento da EJE/BA realizado nesta terça, a pesquisadora Rosy Lapa falou sobre narrativas e formação de leitores para professores que integram o projeto Eleitor do Futuro, do TRE-BA

Se dependesse da professora Rosy Lapa, todas as escolas teriam, em cada sala de aula, pelo menos um professor que fosse também contador de histórias. Com essa ideia, a pesquisadora da Universidade do Estado da Bahia abriu o encontro online “Leitura e Contação de História na Constituição do Sujeito Leitor", nesta terça (15/3). Realizado pela Escola Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia como parte da Semana do Jovem Eleitor, o evento reuniu educadores que participarão do projeto Eleitor do Futuro, em 2022.
Assista o encontro da EJE-BA com professores
Pós-doutora em Contação de Histórias, doutora em Educação e mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia, Rosy enfatizou a importância da oralidade para a memória do mundo. “É na partilha de histórias por meio da fala, do corpo e da voz, que a humanidade tem expressado vivências pessoais e coletivas, e tem também mobilizado interlocutores em uma série de efeitos subjetivos, incluindo percepções e emoções”.
Durante o encontro, a coordenadora do grupo de pesquisa Constituição de Leitores (Uneb) defendeu que, ao despertar crianças e jovens para a contação de histórias, os educadores acessam muitas camadas que compõem as mais diversas narrativas. Segundo Rosy, histórias servem para divertir, além de ensinar uma língua, regras morais, sociais e tradicionais da sociedade. Por meio das histórias, ela afirmou, os estudantes constroem repertório e memória.
O conteúdo, explicou a palestrante, faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento de referência obrigatória para a elaboração de currículos escolares no Brasil. Ao contar histórias, escutar atentamente os estudantes e dialogar com eles, aprofundando os temas abordados, os professores trabalham pelo menos três competências, como “Autoconhecimento e autocuidado”, “Empatia e cooperação” e “Responsabilidade e cidadania”. “Tudo isso contribui para a construção de uma sociedade mais ética e democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária, que promova a diversidade e os direitos humanos, sem preconceitos de qualquer natureza”, mostrou Rosy no texto da BNCC.
O futuro é agora
A palestra de Rosy Lapa salientou que a contação de histórias é educação cidadã que reverbera na compreensão da política e da vida pública. Presente no encontro desta terça, a coordenadora de inclusão educacional e transversalidade da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, Jaqueline Araújo, afirmou que a parceria com a EJE/BA tem sido muito positiva para a rede de ensino da capital baiana. “O Eleitor do Futuro é uma ação cidadã de grande relevância, que contribui para ajudar os jovens a escolherem seus representantes”.
A servidora da EJE/BA, Adriana Passos, contou que, em 2022, o Eleitor do Futuro terá dois desafios especiais: o retorno do projeto às escolas após dois anos de pandemia e as Eleições Gerais. “Nossa intenção é ajudar na formação de um olhar crítico sobre a política, incentivando que os jovens tenham opiniões próprias e façam suas escolhas conscientes, sabendo que essa decisão terá impacto em toda a sociedade”.
No encontro com os professores, Adriana explicou que, em 2022, o projeto fará explanações dialogadas sobre a importância do voto, eleições e desinformação, além de promover votações simuladas na urna eletrônica. As escolas que desejarem participar podem agendar a visita acessando o portal da EJE/BA, clicar em “cursos e eventos”, depois na aba “lives e encontros” e por fim em “encontro com professores 2022”.
Abaixo da emissão do certificado, há o tópico “escolha das datas para as visitas às escolas no âmbito do projeto Eleitor do Futuro”. A EJE entrará em contato com as escolas alguns dias antes da visita para confirmar a data agendada e o horário para apresentação.
Guia da Cidadania
Uma novidade dentro do projeto Eleitor do Futuro para 2022 é a adoção do Guia da Cidadania, material elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral, destacou Adriana Passos. “O guia tem conteúdos considerados fundamentais para provocar e orientar debates e reflexões sobre a participação de jovens no processo eleitoral brasileiro”.
O material, que tem versão do professor e a versão do aluno, sugere uma abordagem multidisciplinar. A proposta, explicou Adriana, é que cada equipe escolar elabore um plano, cujo modelo sugerido está em anexo à programação colocada na aba “materiais” no portal da EJE/BA, usando pelo menos um dos temas do Guia da Cidadania. Esse plano deve ser enviado até 15 de junho para o e-mail da EJE (eje@tre-ba.jus.br). As equipes devem ter de três a sete pessoas entre professores, coordenadores e gestores.
Após a execução do plano, o representante da escola deve encaminhar, até 14 de outubro, um relatório da atividade realizada, para a qual também há um modelo sugerido no site. A EJE/BA vai formar uma comissão para avaliar os planos e os relatórios seguindo critérios como pertinência temática, criatividade, viabilidade da ampliação da intervenção, efetividade do plano na escola.
“Sugerimos metodologias como promoção e exibição de cartazes, bem como a realização de apresentação nas escolas das temáticas trabalhadas”, antecipou Adriana. As escolas com os três melhores trabalhos serão premiadas com troféus.
Concurso de redação e desenho
Por fim, a servidora da EJE/BA, Adriana Passos, contou aos professores que a terceira ação proposta pelo Projeto Eleitor do Futuro é a realização de concursos de redação e de desenho (como já é de costume) para alunos do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental II e do Ensino de Jovens Adultos. Os candidatos devem estar regularmente matriculados em instituições de ensino de Salvador e Região Metropolitana, e os regulamentos serão enviados para as escolas entre os meses de junho e julho, com a definição dos temas e cronogramas.
CB