TRE-BA 88 anos: Eleitores para quem o voto é opcional falam sobre a importância de ir às urnas

Para alguns, será a primeira vez, para outros, o voto faz parte de vidas que têm idades próximas ao Tribunal; em comum, todos defendem esse direito como essencial à manutenção da democracia

Eleitores facultativos: menor de 16 anos, maior de 70 e analfabeto.
Nos 88 anos do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, eleitores que votam por escolha compartilham pensamentos sobre a importância de decidir os rumos políticos dos lugares onde vivem. De acordo com a lei eleitoral, o voto para eles não é obrigatório, mas de acordo com a história de cada um, é algo imprescindível.
Da cidade de Planalto, no sudoeste baiano, a dona de casa Eurides Pacheco, 91 anos, ensina: “É através do voto que escolhemos os nossos representantes”. Dona Eurides nasceu antes de o TRE-BA ser fundado e votou pela primeira vez em 1948. Ela estava apenas 16 anos à frente da conquista do voto feminino no Brasil e 17 antes do Código de 1965, que equiparou o voto de mulheres ao dos homens. “Exerço minha cidadania desde os 18 anos e pretendo votar este ano”, anuncia.
Dona Eurides nunca trabalhou fora de casa, não foi candidata e seu envolvimento com a política sempre se deu no dia a dia, fora de partidos. Sua 12ª filha, Josilane Pacheco, 49 anos, tenta explicar quem inspirou a mãe nessa missão: “Ela faz isso para ser cidadã brasileira. Pode até ter sido incentivada por alguns parentescos, mas a verdade é que ela nos incentiva. Nesses 73 anos de título, nunca deixou de votar”.
A mãe corrige: a única vez que não votou foi em 1993. “Eu estava no oitavo mês de gravidez e as condições para chegar até o local de votação eram ruins”. Naquele ano, o Brasil fez um plebiscito para definir o que dona Eurides chama de rumos políticos. Com a redemocratização, uma emenda da Constituição de 1988 determinou a consulta à população para decidir entre um governo republicano ou monarquista e se o sistema seria presidencialista ou parlamentarista. “Venceu a república presidencialista”, lembra.
Voto antes dos 18
No município de Santa Bárbara, nordeste da Bahia, o estudante Érico Alves pensa como dona Eurides, embora não a conheça. Aos 15 anos, ele pesquisou que podia tirar o título se fizesse aniversário até a data do primeiro turno. Nem pensou duas vezes. “O principal motivo é ajudar a decidir os rumos da minha cidade e do meu país”.
A expectativa de votar em tempos de pandemia é desafiadora, mas Érico acredita que vai dar tudo certo. “Seguindo todas as orientações, não haverá problemas”. Para ele, grave seria não conseguir realizar as eleições. “É por causa de todo o trabalho do TRE-BA que conseguimos preservar a democracia do nosso país”.
No centro-sul do estado, em Itapetinga, o estudante Leo Cardoso conta que o cenário da política nacional “cheio de hierarquias e com pouca representatividade de minorias sociais” foi o que o motivou a tirar o título de eleitor. Na mesma semana em que completou 16 anos, ele fez contato com o TRE-BA e realizou o alistamento.
Leo espera que seu voto ajude a eleger candidatos ou candidatas que promovam políticas públicas de inclusão. Durante a pandemia, o estudante tem aproveitado as redes sociais para se articular em torno do que acredita. “Eu milito pelas minorias, principalmente com o movimento antifascista e a comunidade LGBTQ+, que não têm a representatividade necessária no Congresso e em cargos públicos no nosso país. Também me considero feminista”.
Política na vida
As histórias de Érico e Leo lembram a juventude do economista Arialvo Motta, 80 anos. Ele só não tirou o título aos 16 porque essa conquista chegou depois, com a Constituição de 1988. A idade mínima para votar em 1958, ano em que seu Arialvo se alistou na Justiça Eleitoral, era exatamente os 18 anos que ele acabara de completar.
O eleitor da capital baiana explica que sempre gostou de acompanhar a política desse lugar, de quem vai escolher os melhores projetos de governo, analisar candidatos, decidir pelo que acha mais justo para a sociedade. “Eu sempre me interessei por política. Quando mais moço, ia muito para comícios. Até hoje gosto de ver a atuação dos candidatos e acompanho depois de eleitos”.
O hábito da pesquisa, seu Arialvo manteve mesmo depois de aposentado: todos os dias, lê diversos jornais e assiste noticiários na TV para se manter bem informado. Embora nunca tenha se filiado ou pensado em se candidatar, conta que não fica neutro. “Eu tenho um lado e é isso o que me motiva a ir votar”.
Em 62 anos com o título de eleitor, jamais deixou de comparecer às urnas, as de lona e as eletrônicas. Só não votou quando os brasileiros perderam esse direito, durante a ditadura militar. Receoso em relação à pandemia de coronavírus, ele também se diz insatisfeito em como os rumos políticos atuais. “Talvez por isso, mesmo com medo, eu vá votar este ano”.
/CB
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