Mesa redonda sobre Manuel Querino abre exposição no TRE-BA
Intelectual de múltiplos talentos, o escritor e artista negro Manuel Querino vai ser homenageado de 23 a 29 de setembro com exposição gratuita para todo o público. Ele viveu entre os séculos XIX e XX

Negro, de origem pobre, educador, desenhista, pintor, arquiteto, historiador, republicano, liberal, abolicionista... Se, por um lado, a tarefa de descrever certas figuras passa por uma lista de adjetivos quase infindável, por outro, há de se notar que elas nem sempre têm seus legados lembrados na proporção que merecem. Assim parece ocorrer com Manuel Raymundo Querino. Baiano de Santo Amaro, nascido no ano de 1851, ele foi jornalista, exercendo funções nos periódicos "A Província", “Gazeta da Tarde”, “A República” e "O Trabalho". Dedicou ainda boa parte de sua vida a pesquisas historiográficas empreendidas no intuito de registrar as contribuições dos africanos para o crescimento do Brasil.
Para lembrar a obra dessa figura histórica, o Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) vai realizar, na segunda-feira (23/9), a partir das 16h, uma mesa redonda que irá reunir a Pós-doutora em História Social pela Universidade de Porto (Portugal), Maria das Graças de Andrade Leal, e a Doutoranda em estudos étnicos e africanos pelo Centro de Estudos Afro-orientais da UFBA, Sabrina Gledhill.
A Mesa Redonda, gratuita e aberta a todo o público, será realizada na Sala de Sessões do Tribunal e marca a abertura da 7ª Primavera dos Museus, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), que traz nesta edição o tema “Museus, memória e cultura afro-brasileira”. Na programação, uma exposição do acervo sobre o autor estará montada, de 23 a 29 de setembro, das 8h às 20h, no Centro de Memória do TRE-BA, com entrada franca.
Pioneiro
Manuel Querino é tido por muitos pesquisadores como pioneiro no propósito de apresentar a história do Brasil a partir do olhar do descendente do africano trazido pra cá. Um dos fundadores do Partido Operário e da Liga Operária, ele personalizou na sua própria trajetória a luta por auto-afirmação racial numa época em que candomblé e capoeira eram ainda assuntos de polícia. Noventa anos depois de morto (1923), o jornalista e artista baiano de múltiplos talentos dá provas de que está mais atual do que nunca – no entanto, ainda pouco abordado nas salas de aula e historiografia nacional.
Confira a programação (formato PDF).
SM