Especialistas discutem violência de gênero dirigida às mulheres na política

Em evento promovido pela Justiça Eleitoral baiana, palestrantes defenderam a democratização da diversidade, a multiplicidade das mulheres e a criminalização da violência de gênero na política

Imagem de cobertura da live "A Mulher e o Poder Político".
Pra Cego Ver: Print da tela do zoom com o servidor Jaime Barreiros, Salete Maria, Laína Crisóstomo e Livia Paz.
A violência de gênero dirigida às mulheres na política foi um dos assuntos levantados durante o evento “A Mulher e o Poder Político”, promovido pela Escola Judiciária Eleitoral da Bahia (EJE/BA), nesta segunda-feira (8/3). A atividade contou com a participação da vereadora de Salvador, Laina Crisóstomo; da promotora de Justiça, Lívia Sant’Anna Vaz; e da doutora em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, Salete Maria da Silva. O evento, mediado pelo professor doutor Jaime Barreiros, analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), integra a programação da Semana Nacional da Mulher 2021, realizado pela Justiça Eleitoral.
Na opinião de Salete Maria, é preciso criar projetos de lei que criminalizem a violência política e uma reforma política a favor das mulheres. “Partidos são banco de negociação e precisam sofrer transformação radical de caráter de gênero. É preciso fortalecer as candidaturas avulsas. É tão difícil ser mulher parlamentar. Para os políticos, as mulheres não sabem fazer política”, afirmou.
Como exemplo de dificuldade de ingresso na vida pública, Laina Crisóstomo (Psol) – primeira vereadora eleita por mandato coletivo em Salvador – falou de sua experiência pessoal durante o processo de candidatura, em 2018, quando disputou uma vaga de deputada federal. Ela confessa que sentiu medo e teve muitas dúvidas em se candidatar, após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, naquele mesmo ano. “É como se fosse uma forma de impedir de a gente seguir. Mas aquilo fez com que a gente tivesse mais certeza de ocupar a política. A gente segue tendo medo, mas, mesmo com medo, a gente precisa ocupar esse espaço”, disse emocionada.
Sobre ações violentas direcionadas a mulheres negras que estão na disputa do poder político, a promotora de Justiça Lívia Vaz ressaltou que é preciso também falar sobre discursos de ódio. Ela apresentou dados de uma pesquisa em que mostra que 52,3% das mulheres negras sofreram racismo durante atividade política nas eleições. “Como podemos encontrar uma solução legislativa para defensor de direitos humanos? O que a Justiça Eleitoral pode fazer para proteger essas pessoas da violência política? Como os partidos políticos devem se responsabilizar por suas candidatas?”, questionou.
A promotora ainda relembrou a conquista do voto feminino sob a perspectiva racial. “O movimento das sufragistas, assim como outros movimentos de mulheres brancas, não pautava as questões das mulheres negras. Enquanto em 1932 mulheres brancas lutaram e conquistaram o direito ao voto, mulheres negras ainda lutavam para serem consideradas seres humanos”.
Diversidade nas campanhas políticas
Para Salete Maria, que também é pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), é preciso falar em democracia de gênero, isto é, “pensar a presença das mulheres quantitativamente e qualitativamente”, além de investir em pesquisas eleitorais, a fim de romper com o “patriarcado que ronda a totalidade dos partidos políticos no Brasil”. A especialista citou como exemplo, uma enquete para o pleito de 2022, em que a única candidata feminina aparece como a que os eleitores menos votariam. “Identifico, a partir dos dados, uma democracia fraca, pobre, opaca em termos de gênero e diversidade. Temos um indicativo que teremos mais do mesmo. Se não radicalizarmos, temos a probabilidade de um outro pleito centrado no arquétipo viril”, afirmou.
Sobre o tema, Laina Crisóstomo e Lívia Vaz compartilham do mesmo pensamento. “Ensinam para as mulheres que devem fazer campanhas sobre candidaturas dos caras. Precisamos incidir na política para que pessoas não votem como protesto, entendendo a importância dos espaços políticos”, afirma Laina. Já Lívia critica as campanhas eleitorais que investem mais em mulheres brancas. “Precisamos pensar na interseccionalidade, no poder político e estratégico de transformação. Talvez por isso que não há políticas públicas para acessá-lo, principalmente mulheres negras”, concluiu.
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